Primavera
Tinhas o corpo alto e duro, lembrando uma árvore. Tinhas as costas largas e o peito farto, lembrando uma montanha, ao fundo uma floresta. Tinhas as mãos grandes, enormes, mas tocavas leve, incendiando, trazendo paz, às vezes as duas. Tinhas o rosto claro, como os olhos, por vezes escuros, e balançavas entre ti e mim, como eu, perdida e encontrada neste nosso amor. Por vezes ríamos, e a tua boca era então o meu altar, como o teu sexo, ou uma frase tua. E dormir, amor, sabes, nunca foi tão bom – como acordar de manhã e começar logo a sorrir. Tinhas tudo e não tinhas nada. Julgo que foi por isso que comecei a acreditar em Deus.
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